quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Fim de século



Eu hoje acordei assim:
Me descobrindo desperta,
Do lado de dentro de mim.

E vi com o olhar embaçado,
Meu cérebro desprogramado,
Meu estômago embrulhado
E meus pulmões enfumaçados.

E tateei com mãos desoladas,
Os meus dois rins empedrados,
O meu fígado envenenado
E meu coração estilhaçado.

É que esses mesmos olhos
Que prá dentro se voltavam
Para fora também olhavam
E muito aflitos enxergavam

A total decadência do homem urbano
Desse fim de século de desengano.

Lygia Richieri (com 24 anos)
Campos do Jordão, 21 de Março de 1988.

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