sábado, 24 de setembro de 2011

Presença

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que , apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos . . .
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente , no ar, a trevo machucado,
a folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo . . .
Mas é preciso, também , que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminoso, no ar.
É preciso a saudade para eu te sentir
como sinto - em mim -  a presença misteriosa da vida . . .

Mas quando surges és tão outro e múltiplo e imprevisto
que nunca te pareces com o teu retrato . . .
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!

Mário Quintana

Nenhum comentário:

Postar um comentário