sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Sou um passageiro do tempo

"Eu sou um passageiro do tempo. Minha morada é temporária, e sem eu mesmo saber quando, partirei sem mala, sem bilhete. Vivo quatro estações por ano, mas a definitiva me espera de volta num lugar onde o sol e a lua, sem noite, sem dia, louvam juntos.
Sou alguém que tenta entender que os ponteiros que rodam me aproximam de um voo sem máquina onde me sobrevoarei por dentro.
Sou um peregrino no espaço limitado, e mesmo que queira não posso perder a condução do dia-a-dia (....)
Sou um passageiro do tempo, cheio de perguntas à tiracolo e com poucas respostas na mente. Trago livros, lentes, tradição e avanço filosófico e assim mesmo não me explico totalmente.
Sou um dos que evoluíram, tenho idade cronológica, mas possuo a mesma célula de um irmão troglodita de milhões de anos. (.....) Sou um mistério para mim porque sou, não porque mereci; porque ALGUÉM quis que eu fosse, e não sei se o que me fiz foi o que o ALGUÉM quis que eu me fizesse.
Sou um passageiro terreno, culto para uns e completamente tolo para outros. Estou em busca de uma satisfação maior pelo coração, não pelos olhos, de uma realização maior pela fé, não pela sabedoria humana.
Sou um pingente vivo sujeito ainda à lei da gravidade; mas o que já me consola é que não temo o suplício pois estou encontrando a libertação: deparei-me com ela depois que passei a celebrar diariamente a alegria de viver e louvar o Espírito Criador."
Neimar de Barros


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